sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Incredulidade contínua

Nada é tão desagradável quanto a confirmação de que algumas pessoas não tem interesse algum em crescer intelectualmente. Em geral, muitos costumam afirmar que são cultos, esclarecidos. Todavia, somente o tempo e a convivência nos fazem perceber que tais adjetivos não passam de mera fachada; ludíbrio generalizado.

Eles dizem gostar de ler sobre seus filósofos favoritos ao som de jazz, bossa nova ou classic music; dizem com orgulho que adoram dar uma passada no Louvre toda vez que viajam para a Europa; estudaram nos melhores colégios, tiveram a melhor educação.

No entanto, gostam de ir sexta a noite encher a cara (sim, não há termo melhor que este) nos bares mais próximos, sedentos por uma dose de cerveja atrás da outra. Isso quando não estão ávidos pelos prazeres viciantes das drogas ilícitas.

A questão-chave, porém, não é o 'beber ou não beber'; está, sim, no fato de não haver força de vontade nenhuma em buscar opções mais criativas e inteligentes de diversão. É risível - e vergonhoso - que, com tantas oportunidades, às vezes tão próximas, essas pessoas deixem de lado uma ida ao teatro ou cinema para se embriagar nos botecos, apinhados de gente cheirando a cigarro, nas ruas do Centro de São Paulo.

Bem dizia a minha avó: "Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento."

[Comentário adicionado mais de 8 anos após o post]

É engraçado como a gente muda nossa forma de pensar. Hoje eu leio esse desabafo-super-revoltado e penso "que julgamento todo é esse, mulher?". Quem disse que beber não é atividade criativa e inteligente? Mal imaginava eu que, um dia, esse post simplesmente não teria mais a minha cara...

Até pensei em excluir, mas achei que vale a pena manter pelo prazer de perceber o quanto o ser humano muda - evolui!