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domingo, 30 de dezembro de 2012

Minutinhos de descanso


(Descrição)

São mais de nove horas da noite e a televisão está ligada. Na tela, a novela das oito, tentando bater sua própria audiência. O mocinho do dramalhão dá suas caras – e a telespectadora se empolga, solta alguns grunhidos de empolgação. É o seu momento de descanso, de entretenimento. 

O sofá lhe abraça, aconchegante – uma armadilha para quem não pretende ficar por ali por mais do que uns minutinhos... Os olhos pesam, o sono toma conta, mas a TV insiste em chamar a sua atenção, em roubar a cena. Dormir deixa de ser a preferência quando a programação tenta dominar-lhe a mente.

São minutos seguidos de muita concentração, quebrados bruscamente pelas propagandas. Uma zapeada? Talvez outro canal tenha algo melhor a oferecer... Não, não tem. Parece mais fácil esperar que a novela volte, distraindo-se com o celular...

Fome animal

(Metáfora)


Vai dando a hora do almoço e o estômago da fera ronca, praticamente implorando por comida. Apesar de se alimentar todo dia, parece que a criatura não come nada há dias. Os olhos estão vidrados, como que em estado alterado de consciência... Fora de si!

Poucos segundos olhando para os lados e o ser já sabe o que lhe apetece mais naquela tarde... Bela escolha! Suculenta, carnuda, apetitosa; vai ser uma caça e tanto! Indo direto ao ponto, a fera ataca. Usando as patas, grunhindo ferozmente e de olhar vidrado, ela consegue o que quer. Falta de sorte a da caça, que já tem ideia de qual é o seu futuro...

Os olhos da criatura brilham, a boca começa a salivar. Enfim é chegado o tão desejado momento de saciar essa fome, essa vontade... A primeira mordida parece a mais desesperada. Delicioso é o sabor da carne, um sabor sem igual. De forma desvairada, a besta selvagem arranca pedaço atrás de pedaço, enche a boca e não consegue nem terminar de mastigar para já dar uma nova mordida na sua presa.

Em minutos – talvez segundos? – a fera termina a sua refeição... Ofegante, estufada, saciada... Somente pelas próximas horas.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Que falta eu sinto de um bem

Vez ou outra, me surpreendo ao perceber que meus pensamentos voam para longe, em direção àquele passado que tivemos juntos há tanto tempo. Eu sinto falta até mesmo daquilo que nunca chegamos a vivenciar. Lembro dos teus olhos, do teu riso e dos teus lábios. A voz quase me escapa da memória; é preciso fechar os olhos para retê-la.

Vez ou outra, eu faço de propósito. Desejo tê-lo por perto, como há muito já não o tenho, então procuro meios de te recuperar. Busco fotos, citações, cartas antigas e até canções que outrora pertenceram a nós. É nos braços de outrem que materializo o prazer de te amar.

Vez ou outra, me pergunto por que sua presença - ou seria ausência? - não me deixa em paz. Eu quero te evitar, esquecer que um dia eu fui sua e você foi meu. As lembranças acabam por impregnar-me a mente, como o cheiro de um cigarro que vicia e faz tanto mal, mas não se quer largar. Me deixa.

Há situações em que as palavras não são capazes de descrever com tanta clareza o que sentimos. Em casos como este, o mais sensato é fechar os olhos e deixar que a música fale por nós...

Eu só quero um xodó - Gilberto Gil

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só...

Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só...

Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver...

sábado, 21 de julho de 2012

Transporte coletivo



Numa manhã extremamente atípica, apesar da inalterável rotina de ida para o trabalho, eu encontrei você.

[...]

Fazia frio. Não muito frio, aqui é Brasil. Mas eram oito da manhã em um dia de inverno, o que deixava minhas bochechas congeladas ao menor contato com o vento gélido. Chegando ao metrô após algum tempo de caminhada, algo parecia estar fora do lugar. Onde foram parar aqueles vagões abarrotados de gente e aquela superlotação matinal? Não importa para onde eu olhasse, a plataforma estava tranquila e aparentemente vazia. Atípico. Como se algo estivesse fora do lugar...

Apesar da sensação estranha, decidi continuar meu caminho para o trabalho. Entrei. Com folga, pois havia muito espaço. Dava para respirar ali dentro! Surpreendentemente, era possível até escolher o melhor cantinho para seguir rumo ao meu destino. Foi assim que resolvi adentrar pelo corredor da esquerda. E foi bem ali que eu te encontrei.

Com um olhar de espanto, mas com a voz embargada pela saudade repentina, me dirigi até você.

- Oi!

Por pura sorte, você retribuiu o olhar, o cumprimento e a atenção, que eu esperava não receber de volta.

Trocamos alguns olhares um pouco mais profundos, falamos sobre quanto tempo havíamos ficado sem nos ver, sobre a coincidência do reencontro. E vagou um lugar... Um não, dois! Quanta sorte! Nos sentamos... Não lado a lado, mas de tal maneira que ficássemos frente a frente. Como é bom voltar a me ver refletida nos seus olhos e ser tomada por essa sensação de ternura.

Os minutos seguintes foram preenchidos por conversas vagas, um tanto vazias. Também, pudera: as mentes estavam longe, em outro lugar. Em algum momento do passado, no qual tanta proximidade certamente só resultaria em uma coisa: um beijo.

As estações de metrô avançavam lentamente e o momento se imortalizava como uma lembrança agradável, sinalizando um importante reencontro. O burburinho das conversas ao redor, a sensação das respirações muito próximas, a saudade que veio à tona e o bater dos corações – mais forte do que nunca – finalmente tomaram conta daquele homem e daquela mulher.

Sem perceber, mas acima de tudo, sem controlar, seus lábios tocaram os meus, que retribuíram o carinho sem esquivar-se, apesar da surpresa. Era como se os segundos tivessem parado de correr, como se o vagão de metrô deixasse de se locomover. O mundo havia parado. Ou voltado no tempo, quando amar com profundidade era permitido.

Foi um beijo curto, singelo, mas que representava muita coisa para aquele casal que havia acabado de se reencontrar. Seria um recomeço?

Talvez seria, se o despertador não evidenciasse que era a hora de dar adeus ao mundo dos sonhos e dar olá para o novo dia que estava se formando...

Não conseguia acreditar. Fechava os olhos com força, esperando que fosse possível resgatar aqueles momentos felizes, como se eu pudesse voltar para o metrô que, dali instantes, realmente iria encontrar. Dessa vez, lotado e comum, como em todos os outros dias de minha vida.

Uma última insistência em fechar os olhos, mas com a intenção de relembrar cada sensação e cada momento, tudo tão intenso e real. Tinha certeza de que, se aquilo realmente havia sido apenas um sonho, nossas almas provavelmente haviam se encontrado no mundo do subconsciente. Talvez elas estivessem com saudades, mesmo que não se falassem ou se vissem há tanto tempo. "Eu não me lembrava mais dele, mas agora..."

Agora seria impossível tirá-lo da mente. Mais do que um sonho, revê-lo seria um objetivo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Luta dos sexos: Mulheres ganham espaço em profissões tipicamente masculinas

Por mais que a sociedade busque a justiça e o ideal de igualdade por anos a fio, essa utopia parece estar cada vez mais longe com o passar dos anos, ao invés deste quadro modificar-se graças ao processo de democracia e ao advento da Internet. Mesmo com a luta das mulheres pelos seus direitos desde a Idade Média até hoje, o desajuste social se mantém firme e forte quando o sexo frágil é comparado ao seu equivalente masculino.

Depois de muito baterem o pé para garantir o direito de usar calças e votar, a nova iniciativa da mulherada é a de buscar condições justas e igualitárias também no ambiente de trabalho. Tal movimento vem se mostrando um tanto positivo, apesar de isto ser apenas o começo de uma grande luta socioeconômica.

Os motivos para tal busca incessante são os mais variados possíveis, desde o simples luxo de mostrar que as mulheres são tão capacitadas quanto os homens, bem como a necessidade de sustentarem sozinhas as suas casas e famílias, por vezes sem a figura de um pai para cabecear e administrar os gastos mensais – como sempre foi durante décadas na sociedade Moderna.

A princípio, as mães de família e mulheres independentes foram conquistando espaços como as grandes empresas, passando a ter tanto ou mais destaque e prestígio que os homens. Mas, como é sabido, o preconceito existe e vários cargos sempre foram chamados de "exclusivamente masculinos".

O termo, o entanto, não intimidou a classe feminina, que se rendeu – com muito esforço e determinação – a profissões como a de caminhoneiras, motoristas de ônibus ou táxi, árbitras de futebol, frentista e mecânicas, sushiwomans, bombeiras, coveiras, pastoras de igreja, eletricistas, a própria área de construção civil e até mesmo o cargo de presidenta - como já ocorreu em diversos países aqui mesmo na América Latina.

É esse tipo de desajuste social que precisa, inclusive, de apoio da população para que o acesso ao emprego seja facilitado às mulheres, sem que haja essa "vista grossa" só porque elas são consideradas mais delicadas e frágeis. Tal afirmação trata-se de uma visão machista, típica da sociedade por muitos anos, mas que já está mais do que na hora de ser combatida.

Estágios não proporcionam boas condições de trabalho aos universitários

O ingresso na faculdade significa, para o jovem de hoje, a oportunidade de crescer profissionalmente. Por meio dos cursos de graduação, os estudantes universitários estabelecem metas e objetivos para a construção de uma carreira sólida e bem administrada. E é a partir das experiências em estágios que eles, cada vez mais preocupados em garantir sua independência financeira, podem começar a traçar a vida de trabalho.

Os estudantes estão sempre cheios de expectativas quanto ao primeiro emprego, idealizando que essa será a grande chance de desenvolver as habilidades que lhes foi teorizada nas universidades. Seus sonhos, porém, acabam lhes frustrando... O administrador deseja estar à frente de uma renomada empresa, o médico quer salvar vidas, o jornalista sonha em escrever para uma revista ou jornal de grande circulação, mas nada disso acontece... E vem a decepção.

Muitas vezes, as oportunidades de estágio não estão de acordo nem mesmo com as leis que regem esse tipo de contratação. Os chefes aproveitam-se dos estudantes para gerar mão-de-obra barata, pagar menos pelas mesmas vantagens que teriam ao contratar profissionais formados, com anos de experiências.

Além de péssimos salários, os estagiários muitas vezes não conseguem garantir seus direitos trabalhistas, tendo de trabalhar além do seu horário, algumas vezes até mesmo no final de semana, sem horário para relaxar e tomar um café, exaustos por causa do expediente.

Há ainda duas outras situações capazes de decepcionar qualquer estagiário: trabalhar numa área com a qual ele não está ambientado, por não se tratar da área na qual ele está estudando, devido à necessidade de garantir sua renda; ou simplesmente não trabalhar – ficar algumas horinhas ali sem receber qualquer função, apenas para cumprir o tempo estipulado pelo contrato, mas sem exercer alguma função. Dois casos simplesmente imperdoáveis de se darem em um estágio, já que sua proposta é fazer o universitário colocar em prática aquilo que as aulas lhe proporcionam.

Os estágios devem ser vistos, no entanto, como uma das melhores formas de fazer o estudante errar e acertar em sua profissão, sempre com o auxílio e apoio de uma pessoa da mesma área, desde que já inserida nessa carreira. O jovem trabalhador, além disso, deve ser respeitado como qualquer outro funcionário em uma organização, visto como um alguém que, futuramente, terá todas as qualificações necessárias para ser um grande profissional, como qualquer outro que já está ali dentro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sobre elefantes e espigas de milho


Seu nome era José. Zé para os íntimos. Apesar de suas roupas sujas e remendadas e de sua aparência bruta, era um homem de semblante calmo e que transparecia sensibilidade no seu olhar.

Pés descalços e maltratados, calças pula-brejo feitas de sacaria, canelas finas... O maranhense era realmente um magricela – mais parecia uma lombriga! Com a camisa aberta para evitar o calor do fim da tarde, Zé tinha mãos calejadas, o que evidenciava o seu ofício. Artesanato.

Vivia numa simples casa de pau-a-pique, fruto de muito suor e trabalho. A moradia ficava bem próxima à praia, onde costumava vender suas peças. Marido de Antonia. Se apaixonaram em um verão e, meses depois, juntaram seus trapos – que eram poucos – por conta do bucho inesperado da moça.

Hoje, com seis filhos, o casal continua a vender seus artesanatos pela cidade. Ele, esculturas. Ela, bordados. Zé costumava ficar na pracinha principal, um dos pontos turísticos mais visitados em época de férias. E foi ali que eu o conheci.

“Moço, quanto que tá esse casal de elefantes? Quero levar para a minha mãe, que mora no interior de Minas.” O pobre homem levantou o olhar e, com um sorriso no rosto, disse que os objetos custavam muito menos do que eu esperava. Uma bagatela perto do valor simbólico que tais esculturas mereciam.

Fiquei impressionado com a capacidade que Zé tinha de esculpir animais de todos os tipos em simples espigas de milho. “Onde foi que você aprendeu?”, quis saber. Ele me explicou que aprendera a técnica com seu pai, quando ainda era um menino. De família muito pobre, eles só tinham milho, cultivado por eles, para comer. Era preciso ter mais um ganha pão: com as sobras, esculpiam desde animais a pessoas.

Ainda impressionado com o dom de transformar algo tão banal em arte rica de detalhes, perguntei como era possível esculpir em restos de comida um elefante tão fiel à realidade. “Apenas tirei o que não era elefante.” É incrível como, depois que conheci o Zé, eu passei a ver a vida de uma maneira mais simples.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Por quê?

Você já parou para reparar em certos hábitos, costumes e manias que todos nós temos? Já se questionou sobre o que motiva cada um de nossos atos ou pensamentos? Chegou a fazer pergunta atrás de pergunta, até que se confundiu e, simplesmente, acabou ficando com ainda mais dúvidas?

Tudo começa com a mais clássica: por que é que o céu é azul? Por que usar branco no ano novo? Ou por que nos filmes e novelas usa-se preto quando alguém morre? Por que as mulheres distratam os românticos para ficar com os cafajestes se sabem que assim só vão sofrer? Por que bolo de aniversário e peru de Natal, e não o inverso?

Por que, segundo a regra, só as noivas dito "puras" podem vestir branco no dia do casamento? Por que arrumar a cama se, logo menos, você irá bagunçá-la novamente? Por que alguns de nós entram no MSN já com nicks do gênero "não estou" ou "não enche o saco" se o messenger é uma ferramenta de comunicação?

Por que bocejamos quando vemos alguém bocejar primeiro? Por que comemos macarrão aos domingos? E, por falar em domingo, por que seu nome não termina com "feira", se é bem o dia em que fazemos compras na feira? Por que todo mundo fala tão mal do Big Brother Brasil e, mesmo assim, ele faz tanto sucesso?

Por que fazemos questão de que a pizza chegue bem quentinha se, o que sobra dela na manhã seguinte, preferimos comer frio? Por que, de todo o Sistema Solar, só o planeta Terra tem as condições necessárias para a nossa sobrevivência? Por que reza a lenda que gato tem medo de cachorro se, em muitos casos, é o bichano quem dá um belo nocaute no melhor amigo do homem?

E então, vem a maior dúvida de todas: por que saber a resposta de todas essas perguntas?